quarta-feira, 3 de agosto de 2016

REPÚBLICA E FEDERAÇÃO (3)




ACRE – A estrela vermelha representa o sangue dos bravos que lutaram pela a anexação da área do atual estado do Acre ao Brasil. ALAGOAS -  As cores das faixas (vermelho, branco e azul), escolhidas por estarem presentes no brasão estadual, simbolizam os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. AMAZONAS – As 25 estrelas representam os 25 municípios. A estrela, a capital, Manaus. As faixas brancas representam esperança e a vermelha, as dificuldades superadas. AMAPÁ - O verde representa as matas; o amarelo, as riquezas minerais; o azul, o céu; e o branco, a paz. O preto simboliza o respeito aos homens que morreram lutando pelo estado. A figura geométrica centralizada no lado direito, representa a Fortaleza de São José de Macapá. BAHIA - Com forte inspiração na bandeira dos Estados Unidos da América, mesclada com um triângulo evocativo ao símbolo maçônico, já adotados nas conjurações mineira e baiana, embora as cores azul, vermelho e branco já tivessem figurado como símbolos da Revolta dos Alfaiates. CEARÁ - As cores principais da bandeira são as mesmas da bandeira do Brasil e representam a integração do estado com a República. -  ESPÍRITO SANTO - É composta por três faixas horizontais azul, branco e rosa, que representam as cores das vestes de Nossa Senhora da Penha, padroeira da capital do Estado. Ao centro da segunda faixa arco em letras azuis traz o lema "Trabalha e Confia", inspirado na doutrina de Santo Inácio de Loyola, fundador da ordem religiosa Companhia de Jesus: Trabalha como se tudo dependesse de ti e confia como se tudo dependesse de Deus. GOIÁS – Com oito listras horizontais alternadas: quatro listras ímpares verdes, e quatro listras pares amarelas. No canto superior esquerdo apresenta retângulo azul, com cinco estrelas brancas (simbolizando o Cruzeiro do Sul), constelação que deu ao Brasil seus primitivos nomes – Vera Cruz e Santa cruz. O verde representa as matas e o amarelo, o ouro. MARANHÃO – As cores vermelha, preta e branca simbolizam a mistura de raças do povo do Maranhão. No canto superior esquerdo está um quadrado azul como fundo que representa o céu, e uma estrela branca de cinco pontas que simboliza o Estado como integrante da federação. MATO GROSSO - As cores azul, branco, verde e amarelo são as mesmas da Bandeira do Brasil representando a integração do estado com o Brasil, separadamente cada cor tem um significado específico: O azul representa o céu; o branco representa a paz; o verde representa a extensão territorial. A estrela amarela simboliza o ideal republicano e as riquezas minerais do estado, que tanto atraíram os primeiros colonizadores. A estrela também remete a Sirius, que na bandeira nacional simboliza o estado. MATO GROSSO DO SUL – Consta do decreto que instituiu a bandeira: “Nosso símbolo é o do equilíbrio, da firmeza e da serenidade. Nós somos a estrela dourada que brilha no céu azul da esperança, a simbolizar a riqueza do nosso labor. As metas e os campos do nosso Estado representam um desafio, mas ao mesmo tempo, a consciência da preservação do nosso verde, de nosso tesouro maior, que é a própria natureza. Nós somos o Estado do equilíbrio, onde chaminés siderúrgicas e áreas florestais coexistirão pacificamente, lado a lado. Entre o verde e o azul, na convergência prática de todas as nossas atitudes, nós somos a faixa branca do porvir, a alvidez serena da amizade entre os povos”. MINAS GERAIS - Essa bandeira era um projeto para a bandeira nacional, de autoria dos inconfidentes mineiros.  Ao centro, um triângulo equilátero em vermelho; no lado superior esquerdo a palavra "LIBERTAS", no lado superior direito as palavras "QUÆ SERA" e na base a palavra "TAMEN". O triângulo equilátero simboliza a Santíssima Trindade. O lema LIBERTAS QUÆ SERA TAMEN. ("Liberdade ainda que tardia") teria sido cunhado pelo inconfidente Alvarenga Peixoto a partir de um verso das Bucólicas do poeta latino Virgílio.  PARÁ - A faixa branca é a faixa planetária e representa o Zodíaco "projetada como um espelho horizontal". Lembra tanto a linha do equador quanto o Rio Amazonas. A estrela simboliza o estado, que na bandeira nacional corresponde a Espiga, a estrela alfa de primeira grandeza da constelação de Virgem. O vermelho é a força do sangue paraense, que corre nas veias como um verdadeiro espírito de luta harmonizada, dando provas da dedicação dos patriotas nas causas da adesão do Pará à Independência e à República.  PARAÍBA - A bandeira foi idealizada nas cores vermelha e negra, sendo que o vermelho representa a cor da Aliança Liberal e o preto, o luto que se apossou do Estado com a morte do presidente João Pessoa, que governou o estado em 1929, e foi candidato à vice-presidência do Brasil. A palavra "NEGO" que figura na bandeira é a conjugação do verbo "negar" no presente do indicativo da primeira pessoa do singular, remetendo à não aceitação, por parte do político João Pessoa, do sucessor indicado pelo então presidente do Brasil, Washington Luís. O preto ocupa um terço da bandeira; o vermelho, dois terços. 

◊◊◊◊◊◊

REPÚBLICA E FEDERAÇÃO - III

Assisto com incontida tristeza o que vem ocorrendo ultimamente com o Brasil. O desgaste internacional do país implantado no mundo pela imprensa, que não se cansa de reproduzir, com astucioso e estridente   sensacionalismo, o noticiário originário de ocorrências criminosas descobertas pela Operação Lava Jato, envolvendo parlamentares, políticos e influentes empresários brasileiros.

Apesar de sentir-me sobremaneira constrangido por ter de tratar de tema tão asqueroso quanto imoral, decidi escrever duas ou três crônicas motivado pelo intenso noticiário a respeito do comportamento aético, nada republicano, de alguns parlamentares brasileiros indiciados pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, ainda em curso.

No momento, sinto que grande parte do povo brasileiro se considera vilipendiado e traído por seus representantes no Congresso Nacional. O desengano popular é generalizado. Não se fala noutra coisa no país.

O momento parece-me propício para se discutir com profundidade, isenção partidária e ideológica, espírito participativo e muito patriotismo, as principais causas sistêmica das graves crises políticas e de moralidade que devastam o Brasil nos dias de hoje.

Nosso País, como reza a Constituição, é uma República Federativa.

No meu entender, parte dos nossos mais constantes problemas advêm de uma anomalia gravíssima do nosso sistema constitucional, pois considero que nossa República enfraquece a Federação, ao invés de fortalecê-la; enquanto a própria Federação registra gritante e profunda desigualdade entre os estados-membros.

A desigualdade econômico-financeira entre os Estados é profunda, uns muito ricos, outros muito pobres. Lamentável ocorrência verificada também entre os municípios componentes de um mesmo estado da federação.

Em suma, não se caracteriza exagero declarar que a Federação brasileira não passa de um amontoado de desigualdades.

Os fundos distribuídos mensalmente pelo governo central alimentam a autonomia municipal e até, em alguns casos, a estadual. Quando por qualquer motivo ocorre atraso no pagamento desses recursos, muitos municípios entram em estado de calamidade, deixam de pagar até a remuneração dos servidores públicos! Por sua vez, nos municípios, via de regra, a arrecadação próprio de impostos e taxas é insignificante.

É preciso equilibrar a autonomia financeira dos Estados e municípios brasileiros, pois não pode haver a prática salutar da democracia onde não existe igualdade de autonomia. No Brasil a união pode tudo, os estados quase nada podem, salvo algumas exceções por parte dos estados mais autônomos, desenvolvidos e ricos.  E os municípios, coitados, são os mendigos do federalismo brasileiro, quase exangues de autonomia.

Estamos sofrendo atualmente o que no passado chamou-se crise do federalismo, os estados membros gozavam de poderosa e ampla autonomia enquanto a união, diante deles, pouca resistência poderia oferecer. Agora ocorre justamente o contrário, a União tornou-se fortíssima – poderosa, nadando em dinheiro, enquanto estados e municípios, de pires na mão, rogam ajuda para construir uma obra de comprovada importância local ou regional.

É aí onde impera uma das grandes fontes da corrupção no país. É aí onde residem os intermediários, os caçadores de propinas e comissões.  Lembrem os leitores que não há obra pública, seja estadual ou federal, que não seja localizada em um, algum ou alguns municípios, mas estes permanecem totalmente fora do controle e da fiscalização do empreendimento público.  E mais, não raro, quando se trata de construção que exige a contração de pessoal permanente para o funcionamento da escola, hospital, posto de saúde, etc. essas despesas permanentes são impostas aos cofres municipais!

E mais, caso se trate, por exemplo, da construção de casas populares, além de doar terrenos, as prefeituras quase sempre são forçadas a assumir as despesas de infraestrutura, água e luz, principalmente, e levadas por imposições políticas a recorrerem a contratos de financiamentos, com elevados juros, em instituições financeiras pertencentes ao próprio governo federal!

Ao referi-me a imposições políticas, quero dizer pressões populares locais, pois coitado do prefeito que porventura se negue a assumir as condições impostos pelo governo federal aos municípios. Todos querem a obra, os prefeitos que vierem depois que paguem as prestações dos vultosos empréstimos.

Por essas e outras razões, o grande Pinto Ferreira, insigne e renomado professor pernambucano de direito de todas as gerações do meu tempo, autor de mais de duzentas obras jurídicas e correlatas, após profundas análises em torno da federação brasileira, expressou uma verdade que pode ser repetida peremptoriamente enquanto nosso país continuar como ainda está: “O Brasil é um Estado federal sem fundamentos federais”.

E outro grande mestre, jurista, filósofo, matemático, sociólogo, professor, magistrado e diplomata, Pontes de Miranda, primus inter pares, dos jurisconsultos brasileiros, ao comentar a nossa Constituição de 1967, escreveu: “Os Estados-membros nunca tiveram no Brasil liberdade para concretizarem um pacto federativo. A nossa federação nasceu como dádiva, como obra de arte política do governo provisório de 1889.

No Brasil, como se vê, o federalismo foi criado de cima para baixo. Os constituintes republicanos limitaram-se a copiar o modelo e a terminologia norte-americanos.  Deu no que deu. Abandonados os verdadeiros fundamentos e princípios do federalismo estabeleceu-se uma crescente hegemonia política, jurídica e financeira da União sobre os Estados-membros.

Não pode existir federalismo sem autonomia financeira dos estados e municípios, assim como não pode haver república sem democracia, na qual o sistema eleitoral, ao contrário do sistema proporcional que impera no Brasil, represente realmente a vontade do povo.

Do mesmo modo que a liberdade se torna mito para o eleitor desprovida de recursos financeiros minimamente suficientes para sobreviver dignamente com sua família, a autonomia local se transforma em panaceia quando desacompanhada de recursos financeiros suficientes para assegurar a autonomia.

São poucos os estados brasileiros que possuem realmente autonomia financeira. Quanto aos municípios, párias da nação, são permanentes mendicantes a implorarem verbas ao governo federal.

Por todas essas lamentáveis razões, no Brasil, como já apontava Rui Barbosa, o Presidente da República “encarna o poder dos poderes, o grande eleitor, o grande nomeador, o grande contratador, o poder da bolsa, o poder dos negócios, o poder da força.

Está tudo desorganizado, é preciso, com urgência, que se coloque em vigor com seu sentido moderno, o conceito de ordem prescrito na Bandeira Nacional.

◊◊◊◊◊◊


PARANÁ - O verde representa as florestas exuberantes que cobriam parte do Paraná. O branco simboliza o espírito pacífico do seu povo. O azul é a cor do firmamento. O círculo central azul corresponde à imagem da esfera celeste, segundo a posição astronômica de Curitiba na noite de 29 de agosto de 1853, data do desmembramento da então Província de São Paulo. As cinco estrelas do Cruzeiro do Sul e a faixa branca para o nome do Estado em maiúsculas.  PERNAMBUCO – A cor azul do retângulo superior simboliza a grandeza do céu pernambucano; a cor branca, a paz; o arco-íris (verde, amarelo, vermelho) simboliza a união de todos os pernambucanos; a estrela caracteriza o estado no conjunto da Federação; o Sol é a força e a energia de Pernambuco; finalmente, a cruz representa a fé na justiça e no entendimento. PIAUÍ –Bandeira dividida em treze listas horizontais nas cores verde e amarelas intercaladas. Na parte superior direita há um cantão com largura igual à largura de cinco linhas horizontais na cor azul com uma estrela branca no centro, tendo abaixo inscrição em letras brancas: "13 de março de 1823". As cores principais são as mesmas da bandeira do Brasil e representação a integração do estado com o Brasil.  Os demais elementos presentes na bandeira também, a estrela remete a Antares, que na bandeira nacional simboliza o estado do Piauí. A inscrição dentro do retângulo azul refere-se a batalha do Jenipapo, ocorrida em território piauiense. RIO DE JANEIRO – Campo esquartelado de branco e azul celeste, carregado ao centro com obrasão do Estado. RIO GRANDE DO NORTE – Bandeira com as cores verde (que ocupa a metade superior da bandeira e representa a esperança), branco (ocupa a metade inferior e representa a paz) e amarelo, cujo campo se apresenta em forma de escudo, servindo ao fundo o brasão do estado. Com uma origem quase que exclusivamente extrativista, o estado do Rio Grande do Norte expõe em sua bandeira o que é e principalmente o que já foi a principal fonte de renda do estado. RIO GRANDE DO SUL – Algumas das características da bandeira do Rio Grande do Sul são de evidente inspiração maçônica, como as duas colunas que ladeiam o losango invertido são idênticas às encontradas em todos os Templos maçônicos. O lema da bandeira é Liberdade, Igualdade e Humanidade. Ela foi adotada oficialmente, como símbolo do estado, logo nos primeiros anos da república.  O lema escrito na bandeira do estado, tanto quanto os símbolos, estão diretamente ligados ao Positivismo, haja vista que a elite gaúcha militar e política à época era, em sua maioria, ligada as orientações da Religião da Humanidade, através do Positivismo de Auguste Comte. RONDÔNIA – Na bandeira de Rondônia, o verde representa as matas; o amarelo, as riquezas minerais; o azul, o céu; e o branco, a paz. A estrela remete a Wezen, que na bandeira nacional simboliza o estado de Rondônia. Rondônia também é um estado que adota a faixa governamental, no cerimonial do governo, e a faixa é formatada nas cores da bandeira e do brasão. RORAIMA - Seu formato consiste em um retângulo dividido em três faixas diagonais no sentido esquerda para direita, e de baixo para cima. As cores das faixas são, respectivamente: azul turquesa, branca e verde bandeira. Próximo à parte inferior da bandeira há uma faixa vermelha estreita. No centro da bandeira, apoiada sobre a faixa vermelha, há uma estrela em ouro com dimensões que extrapolam à da faixa branca central. As principais cores da bandeira (verde, amarelo, azul e branco) são uma representação da integração do estado com o Brasil, separadamente cada cor tem um significado específico: O verde representa as densas matas e cerrados; O amarelo (na estrela) representa a farta riqueza mineral; O branco, a paz; e o azul, o céu e os puros ares de Roraima; A fina faixa vermelha simboliza a linha do equador; A estrela amarela, WEZEN - DELTA do Cão Maior, que na bandeira nacional representa o estado de Roraima.  SANTA CATARINA – A bandeira do estado de Santa Catarina é tripartida, com duas listras encarnadas e uma branca. No centro um paralelogramo em verde claro, que representa a cor de Santa Catarina de Alexandria, padroeira do estado.  Dentro deste repousam as armas do estado, estando circunscritas em um círculo imaginário, de modo que o cruzamento da chave e da âncora se dê no centro da bandeira. O escudo em forma de estrela contém a data da implantação da República em Santa Catarina em 17 de novembro de 1889. A águia de asas estendidas, segura com a garra direita uma chave e com a esquerda uma âncora, encruzadas. Um ramo de trigo ao lado esquerdo e um de café ao lado direito ligados na parte inferior por um laço com as pontas flutuantes, de cor encarnada, que terá o dístico: - Estado de Santa Catarina – escrito em letras brancas circundarão a mesma águia sobre o qual se formará o barrete frígio. O barrete frígio simboliza as forças republicanas que nos regem; O ramo de trigo simboliza a lavoura da terra; O ramo de café simboliza a lavoura do litoral; A chave lembra que Santa Catarina é ponto estratégico de Primeira Ordem; A águia representa as forças produtoras.  SÃO PAULO - A bandeira possui treze listras variando entre branco e preto que representam os dias e as noites em que os bandeirantes exploraram o interior do país. Possui um retângulo vermelho na horizontal, que representa o sangue derramado pelos bandeirantes, alinhado no topo à esquerda, tendo dentro um círculo de fundo branco e o mapa do Brasil em azul, sendo o azul a cor da pujança. Há também quatro estrelas amarelas na parte interna dos quatro cantos do retângulo. As cores preta, branca e vermelha simbolizam, respectivamente, as três raças formadoras do povo brasileiro: africanos, europeus e ameríndios.  As quatro estrelas amarelas representam a constelação do Cruzeiro do Sul.  SERGIPE – Retângulo partido em quatro faixas verde e amarelas alternadas, sendo a superior verde. No cantão (parte superior esquerda), um quadrado azul cujo lado é a metade da altura da bandeira, carregado de cinco estrelas brancas de cinco pontas, tendo a do centro o dobro das dimensões das demais. As cores da bandeira representam a integração do estado ao Brasil. As estrelas representam as cinco barras (fozes de rios) existentes: São Francisco; rio Japaratuba; rio Sergipe; rio Vaza-Barris e rio Real. TOCANTINS - A faixa azul representa os rios e a amarela, as riquezas do estado. O sol, sobre a faixa branca, significa que ele nasce para todos os cidadãos tocantinenses. A Bandeira de Tocantins encerra a mensagem de uma terra "onde o sol nasce para todos"; o sol, de amarelo ouro, a derramar seus raios sobre o futuro do novo Estado, colocado sobre uma barra branca, símbolo da paz, entre os campos azul e amarelo, cores que expressam respectivamente o elemento água e o rico solo tocantinense.



quarta-feira, 27 de julho de 2016

REPÚBLICA E FEDERAÇÃO - CONTINUAÇÃO II


Brasão de Armas do Brasil
O Brasão de Armas do Brasil foi desenhado pelo engenheiro Artur Zauer, por encomenda do Presidente Manuel Deodoro da Fonseca. É um escudo azul-celeste, apoiado sobre uma estrela de cinco pontas, com uma espada em riste. Ao seu redor, está uma coroa formada de um ramo de café frutificado e outro de fumo florido sobre um resplendor de ouro. O uso do brasão é obrigatório pelos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e pelas Forças Armadas. Também está presente em todos os prédios públicos.
∞-∞-∞-∞

REPÚBLICA E FEDERAÇÃO –II

A existência das repúblicas se mede pela existência ampla e irrestrita da liberdade, da igualdade e da democracia, pois tanto pode haver liberdade sem democracia com igualdade sem liberdade. O certo é que ausente qualquer um desses pré-requisitos inexiste democracia no seu sentido de governo do povo (liberdade), como o povo (democracia) e para o povo (igualdade).    

Portanto, não existe república onde não impera soberana a democracia.

E por essa razão a democracia do Brasil ainda não se realizou plenamente. É uma democracia de direito, dos códigos, mas não é, como deveria ser, uma democracia do povo, como demonstram os resultados eleitorais mais recentes proclamados pelos tribunais.

Refiro-me ao nosso exótico e antirrepublicano Sistema Proporcional adotado para a eleição de deputados e vereadores. O eleitor vota em quem conhece e quer eleger e finda elegendo também quem não conhece nem queria eleger!

Exemplifiquemos como isso acontece: Pleito de outubro de 2002, candidato a deputado federal Enéas Carneiro (Eu sou Enéas!) que obteve 1.573.642 votos. O Estado de São Paulo detém 70 vagas de deputados federais.  Na totalização final da votação foram apurados 19.611.557 votos válidos. 

Até esse momento a Justiça Eleitoral não se interessa por saber quem foram os candidatos mais votados, mas o que interessa mesmo é saber qual foi o coeficiente eleitoral, ou seja, o número de votantes dividido pelo número de vagas: 19.611.577 ÷ 70 = Quociente eleitoral pouco maior do que 280.000 votos.

O partido que atingir esse número de votos entra na disputa por uma vaga de deputado. O partido que não atingir o tal coeficiente eleitoral fica imediatamente afastado da possibilidade de eleger um representante para a Câmara dos Deputados. Igual critério é adotado para as Assembleias Legislativas e para as Câmaras de Vereadores.

Agora sim, encontrado o coeficiente eleitoral, passa-se a examinar quais foram os candidatos eleitos.

O Prona, partido de Enéas, obteve 1.680.000 votos, os quais divididos pelo coeficiente eleitoral, que foi de 280.000, elegeu, além de Enéas, mais cinco deputados, a saber: Amauri Robledo Gaspar, que obtivera apenas 104.544 votos; Irapuan Teixeira com 673 votos; Elimar Máximo Damasceno, com 484 votos; Ildeu Araújo, com 382 votos e Vanderlei Assis de Souza, com 275 votos!

Note-se: Apenas Enéas foi eleito com votos acima do coeficiente eleitoral. E pasmem, na mesma eleição, em outros partidos em São Paulo, foram derrotados seis candidatos com mais de 100 mil votos; seis com mais de 80 mil votos e cinco com mais de 70 mil votos!

É ou não é incongruente o sistema eleitoral praticado em nossa república? É ou não é antidemocrático candidatos a deputado federal que obtiveram cem, oitenta ou setenta mil votos perderem a eleição para quem teve apenas 275 votos!

A meu ver, é absurdamente antidemocrático o sistema proporcional brasileiro de repartição das sobras de votos dados a candidato cuja votação ultrapassou o chamado coeficiente eleitoral.  Não é justo que candidato com 100 mil votos perca a eleição para quem só obteve 275 votos.

Essa anomalia legal vem desgastando há anos a democracia no Brasil. Enxovalha a dignidade e o civismo do povo brasileiro, morto de vergonha de tantas falcatruas, desvios de condutas e denúncias de crimes praticados por seus parlamentares em todos os níveis federal, estadual e municipal.

Pasmem os que amam realmente a democracia como governo do povo, ao saberem que na atual Câmara dos Deputados, eleita em 2014, dos seus 513 deputados apenas 36 (trinta e seis) foram eleitos com votos próprios, únicos que atingiram o quociente eleitoral. É de 477 o número dos nossos parlamentares na mesma Câmara que não alcançaram o mínimo legal de votos (coeficiente eleitoral) para se elegerem.  Isso me pareceria um absurdo inominável se não contasse como amparo da lei.

Apenas 7% dos parlamentares brasileiros superaram o coeficiente eleitoral, foram democraticamente eleitos pelo voto direto do povo.  Os restantes, quatrocentos e setente e sete, viraram deputados graças a uma estrambótica e perniciosa legislação que impossibilita a república brasileira de se desenvolver material, cultural e moralmente, tal como expressa o lema incrustrado na sua Bandeira Nacional. 

A verdade verdadeira é que não pode haver república onde não exista democracia. E esta só existe onde o poder é plenamente exercido pelo povo por intermédio do voto livre e consciente, desatrelado de qualquer pressão, restrição ou capitis diminutio.      

       Não, não é possível continuar como está, como já dizia Tiririca na sua campanha de 2010 em São Paulo.  Ele mesmo, um dos “puxadores de voto”, com mais de 1 milhão e 300 mil sufrágios, elegeu mais quatro deputados pelas sobras. Foi o deputado mais votado do Brasil. Mais votado do que ele, só Enéas Carneiro em 2002.

       É verdade que as excrescências da nossa legislação eleitoral vêm de longe, sempre em detrimento do exercício regular da democracia numa república genuína.

       Na eleição de dezembro de 1945, no Acre, o PSD concorreu com dois candidatos a deputado federal, Hugo Ribeiro Carneiro e Hermelindo de Gusmão Castelo Banco Filho. Os votos válidos somaram 5.359, sendo duas as vagas. Hugo Ribeiro obteve 3.775 votos, alcançando o coeficiente eleitoral e mais uma sobre de 1.077 votos.

    Hermelindo, que se encontrava no Rio de Janeiro, não pode comparecer para votar e não obteve nenhum voto nominal. Mas, tendo em vista a sobra de 1.077 votos foi considerado eleito. É o único deputado federal da história do Brasil que exerceu o mandato sem ter recebido um só voto!

      Carlos Prestes ocupava a tribuna na Assembleia Constituinte de 1946, quando recebeu um pedido de aparte do deputado Barreto Pinto. Resposta de Prestes: Não concedo apartes a Deputado de 500 votos! O deputado que fora eleito pelas sobras deixou triste memória: Foi o primeiro na história da Câmara dos Deputados a ser cassado por falta de decoro.

    A República no Brasil precisa melhorar, avançar, fortalecer a Democracia, extirpar urgentemente a vigente  proporcionalidade eleitoral.




quinta-feira, 21 de julho de 2016

REPÚBLICA E FEDERAÇÃO NO BRASIL.


Marechal Deodoro da Fonseca e Dom Pedro Segundo

REPÚBLICA E FEDERAÇÃO

A República é a lei em ação.
                                                                                                                   (Rui Barbosa)

Assisto com incontida tristeza o que vem ocorrendo ultimamente com o Brasil. O desgaste internacional do país implantado no mundo pela imprensa, que não se cansa de reproduzir, com astucioso e estridente   sensacionalismo, o noticiário originário de ocorrências criminosas descobertas pela Operação Lava Jato, envolvendo parlamentares, políticos e influentes empresários brasileiros.

Apesar de sentir-me sobremaneira constrangido por ter de tratar de tema tão asqueroso quanto imoral, decidi escrever duas ou três crônicas motivado pelo intenso noticiário a respeito do comportamento aético, nada republicano, de alguns parlamentares brasileiros indiciados pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, ainda em curso.

No momento, sinto que grande parte do povo brasileiro se considera vilipendiado e traído por esses seus representantes no Congresso Nacional. O desengano popular é generalizado. Não se fala noutra coisa no País.

O momento parece-me propício para se discutir com profundidade, isenção partidária e ideológica, espírito participativo e muito patriotismo, as principais causas sistêmica das graves crises políticas e de moralidade que devastam o Brasil nos dias de hoje.

Nosso país, como reza a Constituição, é uma República Federativa.

No meu entender, parte dos nossos mais constantes problemas advêm de uma anomalia gravíssima do nosso sistema constitucional, pois considero que nossa República enfraquece a Federação, ao invés de fortalecê-la; enquanto a própria Federação registra gritante e profunda desigualdade entre os estados-membros.

É profunda a desigualdade econômico-financeira entre os Estados, uns muito ricos, outros muito pobres. Lamentável ocorrência verificada também entre os municípios componentes de um mesmo estado da federação.

Em suma, não se caracteriza exagero declarar que a Federação brasileira não passa de um amontoado de desigualdades.

Os fundos distribuídos mensalmente pelo governo central alimentam a autonomia municipal e até, em alguns casos, a estadual. Quando por qualquer motivo ocorre atraso no pagamento desses recursos, muitos municípios entram em estado de calamidade, deixam de pagar até a remuneração dos servidores públicos! Por sua vez, nos municípios, via de regra, a arrecadação próprio de impostos e taxas é insignificante.

A Constituição do Brasil estabelece a república como forma de governo. Somos, portanto, uma República democrática, onde todo poder emana do povo e em seu nome é exercido.

Mas o que está faltando para que a nossa República se liberte realmente das mazelas que a vem atormentando ao longo da sua história desde 1889?

E a Federação, por que não funciona adequadamente, com mais igualdade, como requer a Democracia?
Quais são as causas primárias das dificuldades, incertezas e desacertos que vêm castigando o Brasil ultimamente?

Primeiramente é preciso que se reconheça ser a república a fonte permanente da democracia, ou seja, não existe republica sem democracia. Mas pode haver alguns resquícios de democracia onde não impere uma república consolidada.

A República (do latim res publica, "coisa pública") é uma estrutura política de Estado ou forma de Governo na qual todo poder emana do povo e em seu nome é exercido, ou seja, estado onde se pratica realmente o governo do povo, pelo povo e para o povo com o imortalizou a definição de Abraham Lincoln.

Infelizmente há muitos estados por esse mundo afora que se apresentam como repúblicas, mas não passam de ditaduras, nas quais a democracia que dizem praticar não é realmente democracia, porque carente de liberdade e igualdade e porque os governantes não são livremente escolhidos pelo povo.

Dessarte, não se pode considerar plenamente realizado o ideal republicano quando a democracia não funciona bem, provocando sérias anomalias sociais e morais no país: Violência, insegurança, desemprego, corrupção, desigualdade, degradação do serviços públicos e morosidade dos serviços judiais. Congresso desacreditado com acentuado reflexo nas Assembleias Legislativa e Câmeras Municipais de Vereadores.

Pelo menos em dois importantíssimos pontos há graves omissões ou deficiências a serem afastadas para que o Brasil atinja o exercício pleno da Democracia, e a República expresse realmente um governo do povo, com o povo e para o povo.

Todas as mazelas que ainda afligem a nossa república advêm das gravíssimas distorções do nosso sistema eleitoral, que facilita a eleição de meliantes e oportunistas sem voto, muitos desonestos e despreparados.

E essa distorção, verdadeiro tumor maligno incrustado desde 1932 em nossa legislação eleitoral, mantém doente e fraca a nossa república, que nunca conseguiu exercitar plenamente as instituições republicanas originárias do voto (do e com o povo) para a felicidade cívica geral (para o povo).

Refiro-me ao sistema proporcional para a escolha dos eleitos e ao fato de não se permitir o registro de candidaturas avulsas, fora, portanto, do monopólio dos partidos políticos.

Vejamos primeiramente a incongruência do sistema proporcional para a escolha dos eleitos: O eleitor voto em quem conhece e quer eleger e elege quem não conhece e não quer eleger. Vota em Enéas Carneiro, que obteve 1.573.642 votos, do PRONA, e elege também Amauri Robledo Gasques (18.417 votos); Irapuan Teixeira (673 votos); Elimar Máximo Damasceno (484 votos); Ildeu Araújo (382 votos) e Vanderley Assis de Souza (275 votos).

Lembram-se? Foi no pleito de outubro 2002 no Estado de São Paulo.


No próximo artigo demostrarei como essas aberrações do sistema misto para escolha dos eleitos no Brasil tem afetado o desempenho da democracia que praticamos, e, consequentemente, enfraquecido o cerne vital da nossa república.